domingo, 29 de agosto de 2010

Leitura compartilhada


Ursinhos
A fábula da águia e da galinha

Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um pássaro, a fim de mantê-lo cativo em casa. Conseguiu pegar um filhote de águia. Colocou-o no galinheiro junto às galinhas. Cresceu como uma galinha.

Depois de cinco anos, esse homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista. Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista: "Esse pássaro aí não é uma galinha. É uma águia."

"De fato", disse o homem. "É uma águia. Mas eu criei como galinha. Ela não é mais águia.É uma galinha como as outras."

"Não", retrucou o naturalista. "Ela é e será sempre uma águia. Pois tem um coração de águia. E este coração a fará um dia voar às alturas".

"Não", insistiu o camponês. "Ela virou uma galinha e jamais voará como águia".

Então, decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia. Ergueu-a bem alto e, desafiando-a, disse: "Já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, então abra suas asas e voe!"

A águia ficou sentada sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos. E pulou para junto delas.

O camponês comentou: "Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!".

"Não", tornou a insistir o naturalista. "Ela é uma águia. E uma águia sempre será uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã."

No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa. Sussurrou-lhe: " Águia, já que você é uma águia, abra suas asas e voe!"

Mas, quando a águia viu lá embaixo as galinhas ciscando o chão, pulou e foi para junto delas.

O camponês sorriu e voltou à carga: "Eu havia lhe dito, ela virou uma galinha!".

"Não", respondeu firmemente o naturalista. "Ela é uma águia e possui sempre um coração de águia. Vamos experimentar ainda uma última vez. Amanhã a farei voar."

No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. pegaram a águia, levaram-na para o alto de uma montanha. O sol estava nascendo e dourava os picos das montanhas.

O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe: "Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra suas asas e voe!"

A águia olhou ao redor. Tremia, como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então o naturalista segurou-a firmemente em direção ao sol, de sorte que seus olhos pudessem se encher de claridade e ganhar as dimensões do vasto horizonte.

Foi quando ela abriu suas potentes asas. Ergueu-se, soberana, sobre si mesma. E começou a voar, a voar para o alto e a voar cada vez mais alto. Voou. E nunca mais retornou.

Leonardo Boff

(Programa de Formação de Professores Alfabetizadores- Letra e Vida- Módulo 2)


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